Quero partilhar convosco uma carta que recebi de uma amiga pouco tempo após eu, Josélia, ter aparecido numa reportagem televisiva.
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Querida Josélia,
Ficarás com certeza surpreendida ao receberes esta carta pois perdemos o contacto há já muitos naos mas tenho a certeza que te lembrarás de mim, assim como eu te reconheci de imediato quando te vi na televisão.
Sou a Ana Alvim que trabalhou no Sheraton do Porto entre 1985 e 1987 altura em que tu eras a Directora Comercial a quem reportavam o M., a A., a P. e a L.. Acho que era esta a tua equipa e que não me esqueci de ninguém.
Aposto que já te lembras quem eu sou. Sou aquela a quem deste vários "raspanetes" porque eu cortava o crédito às agências de viagens que não pagavam as facturas e tu me explicavas que "assim não consigo vender quartos, valha-me Deus!". Sou aquela com quem o A. A. (o galã do nosso director) berrava numa reunião que tivemos no gabinete dele dizendo que eu andava a dormir na forma, e eu ficava cheia de medo de perder o meu emprego... sou aquela a quem um dia disseste "uma mulher sabe que já não está apaixonada quando..." (não direi o resto porque esta carta poderá parar a mãos alheias). Sou aquela com quem um dia vieste ter, depois de teres ido à casa de banho que ficava ao fundo do corredor, com uns anéis na tua mão perguntando-me: "Isto não é teu? Estavam no lavatório da casa de banho, vê lá se tens cuidado, nem toda a gente é como eu".
Foi uma grande verdade que disseste nesse dia, sempre te achei uma mulher "d'armas" que de certa forma eu temia (sabe-se lá porquê!) mas que respeitava pela maneira firme como lidava com as pessoas, mas principalmente pela grande compaixão e bondade que demonstrava nas suas relações com as pessoas que nos rodeavam.
Provalvemente estarás a estranhar o que escrevo, é natural, pois durante o tempo que trabalhámos no Sheraton não estabelecemos uma amizade. Tivemos sempre, contudo, um convívio cordial e divertido devido à tua forma de encarar a vida e ao teu sentido de humor que eu achava único!
Fazemos um jantar de convívio há cerca de 17 anos na 6ª feira anterior ao 24 de Dezembro. As habituais são: eu (a aluada do Sheraton), a R. C. (a boazona do Food & Beverage), a L.A.M. (a maluca da tua secretária que se sentava ao colo da A.C.), a P.R. (a sempre discreta P.) e a L.D. (a super-eficiente secretária do A., nosso director financeiro) e em algumas ocasiões a K. (das reservas), a T.Q. (das compras), o F. (do Economato), o V. (do turno da noite) e chegámos a fazer um jantar na Ribeira do Porto com todo o antigo pessoal da lavandaria, limpeza, recepção e reservas, jantar esse que foi inesquecível onde, como é evidente, só falámos durante esse tempo em que convivíamos num lugar fantástico na Av. da Boavista, chamado Hotel Sheraton do Porto.
Voltemos ao presente. No sábado passado enquanto ouvia distraídamente (continuo aluada como sempre...) as notícias num canal de televisão, um nome, de repente, me pôs de imediato em contacto com a realidade: Josélia Sequeira. Sentei-me e comecei a ver, não distraídamente agora, uma reportagem sobre pacientes que habitam o Hospital Curry Cabral em Lisboa, onde te encontras há já três anos, segundo noticiavam. Posso dizer-te sem vergonha, que chorei. Vi-te nessa cama onde estás agora a falar com uma enfermeira que ia transmitindo para a câmara o que lhe ias dizendo. Penso que talvez pelo choque que senti ao ver-te, não assimilei as tuas/dela palavras. Só sei que de seguida liguei para esse hospital e perguntei a quem me atendeu nos Cuidados Intensivos o que se passava contigo. Acharam por bem, não me dizer, disseram-me apenas que podes receber visitas e quando indaguei se te podia escrever, me disseram que sim. Daí a razão desta carta. O que não significa de todo que não te vá visitar se estiveres de acordo.
Estou de partida para os Estados Unidos (onde vivem os meus pais e sete irmãos/irmãs) no dia 19 deste mês para ir visitar a minha mãe que foi vítima de uma violenta trombose recentemente. Voltarei no dia 18 de Fevereiro e a partir dessa data gostaria de visitar-te. Direi mais, gostaria de levar algumas das pessoas de que te falei nesta carta que estiveram mais chegadas a ti na altura em que os nossos caminhos se encruzilharam.
Se achares bem, deixo-te os meus contactos para que me possas telefonar e confirmar que "umas gajas malucas do Porto" te podem visitar um dia destes.
Querida Josélia, um grande, grande abraço de alguém que se lembra de ti.
Ana
2005.01.12
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Querida Josélia,
Ficarás com certeza surpreendida ao receberes esta carta pois perdemos o contacto há já muitos naos mas tenho a certeza que te lembrarás de mim, assim como eu te reconheci de imediato quando te vi na televisão.
Sou a Ana Alvim que trabalhou no Sheraton do Porto entre 1985 e 1987 altura em que tu eras a Directora Comercial a quem reportavam o M., a A., a P. e a L.. Acho que era esta a tua equipa e que não me esqueci de ninguém.
Aposto que já te lembras quem eu sou. Sou aquela a quem deste vários "raspanetes" porque eu cortava o crédito às agências de viagens que não pagavam as facturas e tu me explicavas que "assim não consigo vender quartos, valha-me Deus!". Sou aquela com quem o A. A. (o galã do nosso director) berrava numa reunião que tivemos no gabinete dele dizendo que eu andava a dormir na forma, e eu ficava cheia de medo de perder o meu emprego... sou aquela a quem um dia disseste "uma mulher sabe que já não está apaixonada quando..." (não direi o resto porque esta carta poderá parar a mãos alheias). Sou aquela com quem um dia vieste ter, depois de teres ido à casa de banho que ficava ao fundo do corredor, com uns anéis na tua mão perguntando-me: "Isto não é teu? Estavam no lavatório da casa de banho, vê lá se tens cuidado, nem toda a gente é como eu".
Foi uma grande verdade que disseste nesse dia, sempre te achei uma mulher "d'armas" que de certa forma eu temia (sabe-se lá porquê!) mas que respeitava pela maneira firme como lidava com as pessoas, mas principalmente pela grande compaixão e bondade que demonstrava nas suas relações com as pessoas que nos rodeavam.
Provalvemente estarás a estranhar o que escrevo, é natural, pois durante o tempo que trabalhámos no Sheraton não estabelecemos uma amizade. Tivemos sempre, contudo, um convívio cordial e divertido devido à tua forma de encarar a vida e ao teu sentido de humor que eu achava único!
Fazemos um jantar de convívio há cerca de 17 anos na 6ª feira anterior ao 24 de Dezembro. As habituais são: eu (a aluada do Sheraton), a R. C. (a boazona do Food & Beverage), a L.A.M. (a maluca da tua secretária que se sentava ao colo da A.C.), a P.R. (a sempre discreta P.) e a L.D. (a super-eficiente secretária do A., nosso director financeiro) e em algumas ocasiões a K. (das reservas), a T.Q. (das compras), o F. (do Economato), o V. (do turno da noite) e chegámos a fazer um jantar na Ribeira do Porto com todo o antigo pessoal da lavandaria, limpeza, recepção e reservas, jantar esse que foi inesquecível onde, como é evidente, só falámos durante esse tempo em que convivíamos num lugar fantástico na Av. da Boavista, chamado Hotel Sheraton do Porto.
Voltemos ao presente. No sábado passado enquanto ouvia distraídamente (continuo aluada como sempre...) as notícias num canal de televisão, um nome, de repente, me pôs de imediato em contacto com a realidade: Josélia Sequeira. Sentei-me e comecei a ver, não distraídamente agora, uma reportagem sobre pacientes que habitam o Hospital Curry Cabral em Lisboa, onde te encontras há já três anos, segundo noticiavam. Posso dizer-te sem vergonha, que chorei. Vi-te nessa cama onde estás agora a falar com uma enfermeira que ia transmitindo para a câmara o que lhe ias dizendo. Penso que talvez pelo choque que senti ao ver-te, não assimilei as tuas/dela palavras. Só sei que de seguida liguei para esse hospital e perguntei a quem me atendeu nos Cuidados Intensivos o que se passava contigo. Acharam por bem, não me dizer, disseram-me apenas que podes receber visitas e quando indaguei se te podia escrever, me disseram que sim. Daí a razão desta carta. O que não significa de todo que não te vá visitar se estiveres de acordo.
Estou de partida para os Estados Unidos (onde vivem os meus pais e sete irmãos/irmãs) no dia 19 deste mês para ir visitar a minha mãe que foi vítima de uma violenta trombose recentemente. Voltarei no dia 18 de Fevereiro e a partir dessa data gostaria de visitar-te. Direi mais, gostaria de levar algumas das pessoas de que te falei nesta carta que estiveram mais chegadas a ti na altura em que os nossos caminhos se encruzilharam.
Se achares bem, deixo-te os meus contactos para que me possas telefonar e confirmar que "umas gajas malucas do Porto" te podem visitar um dia destes.
Querida Josélia, um grande, grande abraço de alguém que se lembra de ti.
Ana
2005.01.12